Da sutil doçura floral de um grão cultivado nas montanhas da Etíopia ao sabor encorpado e marcante de um café produzido no Vietnã, cada região cafeeira tem um caráter próprio que reflete no sabor. Você já parou para pensar no que torna cada xícara tão única? A resposta está nestas origens diferentes e em suas variedades de grãos.
Neste artigo, vamos explorar as principais variedades de café — como Arábica e Robusta — e mergulhar nas regiões que deram origem a essas joias aromáticas. Você vai descobrir como o terroir, o clima e o solo influenciam cada grão, e ainda se surpreender com curiosidades e fatos históricos que ajudaram a transformar o café na bebida preferida do mundo. Pronto para embarcar nessa jornada pelo mundo dos sabores? Pegue sua xícara e vamos começar!
O Básico: As Principais Espécies de Café
Café Arábica (Coffea arabica)
Origem: Regiões montanhosas da Etiópia.
Características: Sabor suave e complexo, com notas doces e ácidas. Tem menor teor de cafeína em comparação ao Robusta.
Fatos curiosos: Representa cerca de 60-70% da produção mundial de café. Cultivado principalmente em regiões de alta altitude, como América Latina e África Oriental.
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Café Robusta (Coffea canephora)
Origem: Regiões tropicais da África Ocidental.
Características: Sabor mais forte, encorpado e com notas amargas. Possui o dobro do teor de cafeína em relação ao Arábica.
Fatos curiosos: Amplamente utilizado em cafés instantâneos e em blends para adicionar corpo. Tem maior resistência a pragas e climas adversos.
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Outras Variedades Menos Conhecidas
Excelsa (Coffea excelsa): Encontrada principalmente no sudeste da Ásia, tem um sabor frutado e ácido, usado em blends para adicionar complexidade.
Liberica (Coffea liberica): Cultivada em menor escala na Ásia e África Ocidental, com sabor exótico e defumado.
As Origens Geográficas do Café e Seus Perfis de Sabor
África: Berço do Café
Cafés produzidos na Etíopia e Quênia tem notas florais, frutadas e acidez brilhante.
Lembrando que a Etíopia é considerada o local de nascimento do café, com mais de mil variedades nativas cultivadas no país.
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América Latina: Variedades Equilibradas
Com países como Brasil, Colômbia e Costa Rica como principais produtores, as variedades equilibradas tem perfis com tons achocolatados, nozes e leve doçura. Acidez média e corpo equilibrado.
A titulo de curiosidade o Brasil é o maior produtor mundial de café, responsável por cerca de um terço da produção global.
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Ásia e Oceania: Perfis Terrosos e Exóticos
Tendo a Indonésia, Vietnã e Papua Nova Guiné como referencia de produção desses perfis apresentam sabores terrosos, herbais e picantes, com corpo robusto.
E falando em exótico, o Kopi Luwak é um café famoso originário da Indonésia, conhecido por seu processo de produção único. Os grãos de café são ingeridos e depois excretados inteiros por civetas, pequenos mamíferos que se alimentam de frutas de café. Durante a digestão, os grãos passam por uma fermentação que supostamente melhora seu sabor. Este café é considerado um dos mais caros do mundo, devido à sua raridade e ao trabalho envolvido na sua produção.
No Brasil, paralelamente, é famoso o café do Jacu, uma ave silvestre. Tambem considerado um café especial, raro e caro, feito a partir dos grãos de café extraídos das fezes do animal.
Fatores Que Influenciam o Sabor
Clima e Solo
As condições climáticas e o tipo de solo determinam os nutrientes que o cafeeiro absorve, influenciando diretamente o sabor do grão. A composição do solo como por exemplo solos ricos em minerais como potássio, magnésio e nitrogênio são ideais para o cultivo de café, pois promovem o desenvolvimento de grãos mais densos e sabores mais complexos.
Por exemplo regiões de alta altitude geralmente possuem solos vulcânicos ricos em nutrientes, o que favorece a acidez brilhante e as notas frutadas dos grãos.
Processos de Secagem e Torra
O processo de secagem pode ser natural (os grãos secam ao sol, absorvendo características frutadas) ou lavado (os grãos são fermentados e lavados antes da secagem, realçando a acidez e a limpeza do sabor).
Durante a torra, são desencadeadas reações químicas, como a de Maillard, que é um processo não enzimático que converte os carboidratos e aminoácidos dos grãos em compostos que produzem sabores complexos.. Acontece por exposição a altas temperaturas e é responsável pela cor (escurecimento), sabor e aroma de alimentos como o café, pães, carnes e churrasco.
Torras claras preservam a acidez e os sabores florais e frutados, ideais para destacar as notas de origem.
Torras médias equilibram acidez e corpo, criando uma experiência harmoniosa.
Torras escuras destacam notas achocolatadas, caramelizadas e defumadas, mas podem mascarar as nuances regionais.
Cultivo Artesanal vs. Produção em Massa
Cultivo artesanal: Pequenos produtores priorizam a qualidade em todas as etapas, desde a seleção cuidadosa dos grãos até o processamento minucioso. Isso resulta em grãos de alta qualidade com perfis de sabor únicos e rastreabilidade garantida.
Práticas sustentáveis: Muitos pequenos produtores adotam práticas sustentáveis, como o uso de fertilizantes orgânicos e o cultivo em sombra, o que melhora a qualidade do café e preserva o meio ambiente.
Produção em massa: Grandes plantações tendem a focar na produtividade e na uniformidade, o que pode impactar a complexidade dos sabores, mas garante maior volume e custo acessível.
Curiosidades e Fatos Históricos Sobre o Café
As Lendas Por Trás do Descobrimento do Café
A história de Kaldi e suas cabras dançantes: Diz a lenda que o café foi descoberto por um pastor etíope chamado Kaldi, que notou como suas cabras ficavam cheias de energia após comer frutos vermelhos de um arbusto. Intrigado, ele experimentou os frutos, sentiu a energia e levou a descoberta a um monastério local. Lá, os monges passaram a consumir a bebida para se manterem acordados durante longas orações noturnas.
Origem do nome: A palavra “café” deriva do termo árabe qahwa, que originalmente se referia a um tipo de vinho. Com o tempo, foi associada à bebida estimulante feita dos grãos.
O Papel do Café na Revolução Cultural e Econômica
Cafés como centros de ideias revolucionárias: Durante os séculos XVII e XVIII, casas de café na Europa (como as famosas em Londres e Paris) tornaram-se locais de encontros intelectuais e debates políticos. Alguns até chamavam os cafés de “universidades de um centavo”.
Comércio global: O café foi uma das primeiras commodities globais. A partir da Etiópia e da Arábia, espalhou-se para a Índia, Europa e Américas, moldando economias e sociedades ao longo do caminho.
Fatos Surpreendentes
Proibição do café: Em diferentes momentos da história, o café foi banido por razões religiosas e políticas. Em Meca, no século XVI, líderes temiam que a bebida incentivasse pensamentos rebeldes. Já na Suécia do século XVIII, foi considerado um luxo decadente e sobrecarregado com altos impostos.
Primeira cafeteria do mundo: O primeiro estabelecimento dedicado ao café foi inaugurado em Istambul, no Império Otomano, no século XVI. Chamado de Kiva Han, servia a bebida acompanhada de delícias como baklava.
A “Penny University”: O termo surgiu na Inglaterra do século XVII, onde se podia comprar uma xícara de café por um centavo e aproveitar discussões intelectuais em locais como o Lloyd’s Coffee House, precursor do mercado de seguros Lloyd’s of London.
A Expansão do Café Pelo Mundo
Da Arábia para o mundo: Inicialmente, os grãos de café eram exportados somente torrados, para evitar o cultivo em outros países. Mas, eventualmente, plantas foram contrabandeadas para outras regiões, como a Índia e o Brasil, que se tornaram grandes produtores.
O papel do Brasil: O Brasil recebeu suas primeiras mudas de café no século XVIII, contrabandeadas da Guiana Francesa por Francisco de Melo Palheta. Hoje, é o maior exportador mundial de café.
Inovações Modernas e a Cultura do Café
O nascimento do espresso: A máquina de espresso foi inventada na Itália, no início do século XX, revolucionando a forma como o café era preparado e consumido.
Café instantâneo: Criado no início do século XX, o café instantâneo tornou-se um sucesso global, especialmente durante a Segunda Guerra Mundial, quando era amplamente consumido pelos soldados.
Terceira onda do café: Hoje vivemos a “terceira onda”, marcada pela valorização da qualidade, origem e métodos de preparo do café, com ênfase em práticas sustentáveis e experiência sensorial.
E aí? Gostou de saber um pouco mais sobre as origens e tipos de café?